Quando falamos nas praias contaminadas pelo óleo que se espalhou pelo Nordeste brasileiro ou olhamos as fotos, ficamos indignados com paraísos naturais manchados e sujos, animais cobertos por manchas escuras… mas quem dera o estrago parasse por aí.
São 9 estados afetados, 92 municípios e 254 localidades diferentes.
O tamanho do estrago vai muito além do que os olhos podem ver e prejudicará a vida de muitos que dependem das praias e do mar para gerar sua renda e sobreviver, pois nessas regiões muitos vivem da pesca de espécies que estão em contato direto com o poluente mesmo quando ele parece já ter sido retirado e some das nossas vistas. Caranguejos, mariscos e outros, além dos próprios peixes não estarão próprios para consumo por um bom tempo, mesmo que queiramos acreditar que estará tudo ok quando não enxergarmos mais as manchas de óleo.
E o estrago ainda vai além porque atinge corais e manguezais. O óleo tem degradação lenta no meio ambiente e quanto mais tempo leva para degradar, mais contaminação gera por onde estiver. Boa parte desse óleo vai parar no fundo do mar, onde ninguém está vendo e a contaminação do meio ambiente é imensa e a longo prazo.
Daqui para frente para garantir a segurança e a saúde da população da região e dos turistas que em breve lotarão as praias, deveríamos ter um rígido protocolo de testes e monitoramento constantes para garantir a saúde de todos, pois a degradação desse material é lenta e a toxicidade grande.
Toda a cadeia alimentar entra em risco com um derramamento desse volume e o peixe que vem para nosso prato não escapa disso.
A pergunta que fica, como ficou em outras regiões onde desastres causados pela irresponsabilidade humana aconteceram é “o que vai ser da vida das pessoas que sobrevivem da renda gerada pelo mar e pelos manguezais nessa região”? Vamos nos calar e fingir que nada acontece depois que as manchas sumirem, deixando trabalhadores e turistas se contaminarem com o que os olhos não vêem?
Até quando vamos continuar fechando os olhos para a destruição de tudo que é essencial para sobrevivência? Até quando vamos nos calar porque achamos que não nos atinge e a vida de quem mora na região não é problema nosso?
Toda e qualquer vida é problema de todos…
Por: Denise Maldonado – Mundo Certo