O Panorama de Resíduos Sólidos gerado pela Abrelpe e os relatórios anuais gerados há 15 anos no Brasil, é a única publicação que mostra um cenário nacional sobre a gestão de resíduos sólidos e ainda traz informações regionais para que possamos entender os avanços, recuos e necessidades de cada região em relação à geração de resíduos, reciclagem, destinação correta, logística reversa e existência ainda de lixões à céu aberto.
Nesse artigo vamos falar apenas dos números gerais de geração e coleta dos resíduos e em um próximo falaremos sobre os números da coleta seletiva, reciclagem e logística reversa.
Em um resumo do Panorama 2018, podemos perceber que a geração de resíduos sólidos urbanos cresceu, foram 216.629 toneladas de resíduos por dia, 1.039kg por pessoa/dia e nesse ritmo, é previsto que até 2030 provavelmente o Brasil alcançará uma média de 100 milhões de toneladas de resíduos por ano.
No mesmo período a coleta dos resíduos também aumentou, mas ainda existe uma grande quantidade de pessoas que ainda sofrem sem os serviços regulares de coleta porta a porta de resíduos. Isso mesmo, temos muitas pessoas que ainda sofrem sem ter o caminhão de lixo passando na porta.
No caso da coleta seletiva, apesar de já terem se passado 9 anos desde que foi estipulada a Política Nacional de Resíduos sólidos, ainda estamos muito distantes de ter um panorama satisfatório, já que existem muitas regiões onde ainda não existe a coleta de materiais que deveriam ser destinados à reciclagem e para piorar o panorama, ainda temos lixões à céu aberto em praticamente todas as regiões causando impacto direto à saúde das pessoas e ao meio ambiente.
Diversos países avançaram muito em relação ao planejamento e implementação de projetos para resolver esse tipo de problema, mas no Brasil ainda apresentamos os mesmos problemas e falta de avanço que são verificados há vários anos.
Além dos resíduos sólidos urbanos, o Panorama apresenta dados sobre resíduos de construção, resíduos de saúde e alguns dados sobre logística reversa. O cenário gera muita preocupação, pois além de não ter dados efetivos e amplos sobre os setores, mostra que um volume significativo desses resíduos não é destinado corretamente e no caso dos resíduos da área da saúde é ainda mais preocupante por serem resíduos de grande periculosidade.
O Panorama no final nos mostra um quadro alarmante de um modelo atual de gestão de resíduos sólidos urbanos totalmente insustentável e que, se continuar como vem acontecendo há vários anos, acabará por se tornar irreversível em função dos custos envolvidos na melhoria.
Precisamos mais do que nunca de conscientização, por parte da população, do governo e das instituições privadas sobre a necessidade de avaliar seu papel nesse panorama e cada um fazer sua parte reduzindo a geração de resíduos de diversas maneiras possíveis, destinando corretamente os resíduos recicláveis, cobrando a coleta dos recicláveis onde ainda não existe e cobrando também dos fabricantes, distribuidores e do varejo a possibilidade de cumprir seu papel na logística reversa, pois é papel do consumidor buscar meios corretos de descartar embalagens de praticamente tudo que consome.
A responsabilidade é de todos e o prejuízo em um prazo muito menos do que se imagina dos efeitos disso no meio ambiente, também é de todos.
Por: Denise Maldonado – Mundo Certo