Falar sobre a importância da Natureza e do quanto nossa vida depende da preservação dela é outro tema que se tornou extremamente difícil.
Há anos ambientalistas, cientistas e especialistas, seja em agronomia, botânica, microbiologia, geologia ou diversas outras áreas envolvidas em estudar o ciclo da natureza (como ela funciona em cada ecossistema ou bioma existente) vêm buscando alertar a população que, se continuarmos utilizando recursos naturais como fazemos hoje, a Natureza não tem o tempo necessário para se regenerar e repor esses recursos (oxigênio, água, solo fértil, etc.) e nós não temos como sobreviver sem eles.
Temos só um planeta, com um ciclo de um ano para que a Natureza se recupere e possa repor o que utilizamos, mas já utilizamos um planeta e meio ao ano desses recursos para suprir nossas necessidades faz tempo.
Conta ambiental no vermelho há anos com direito a juros e correção e um débito gigantesco que, ou acordamos agora, ou não teremos como quitar.
Quem quiser ir mais fundo no entendimento desse assunto, pode buscar informações na história e encontrará fatos sobre civilizações que já foram extintas por não entender o quanto dependiam da natureza para sua sobrevivência.
Talvez nossa visão e entendimento da Natureza sejam pequenos demais ou nosso medo muito grande, para entendermos a complexidade de não termos condições de sobreviver sem ela e entramos em um processo onde reagimos de maneiras diferentes: alguns defendem a preservação, alguns a destruição, outros entram em negação mesmo diante de fatos comprovados pela ciência e pela tecnologia e existem ainda os que simplesmente fingem que nada está acontecendo.
Desprezamos a onipotência da Natureza e queremos impor a nossa, sem perceber o quanto somos ínfimos diante ela e que, sem nossa existência, ela continua seu ciclo, ganha força, cria vida a cada segundo em uma cadeia infinita e perfeita de se regenerar e continuar existindo sem precisar sequer de um único ser humano presente nela.
Temos a tendência natural de nos proteger do perigo com uma visão que se deturpa para amenizar nossos medos e nos faz, por exemplo, diante do mar olhar e pensar “não consigo ver o fim dele, é infinito” ou cavar a areia e ver que o buraco pode ser extremamente fundo e ainda tem mais areia, que muitos rios já sumiram, mas continuamos com água na torneira ou que falam em aumento da desertificação e áreas degradadas em muitos lugares do mundo, mas a comida ainda chega a nossa mesa.
Mas… Assim como sabemos hoje, que muito do aprendemos sobre ela quando éramos crianças ou mais jovens mudou porque pesquisas e avanços tecnológicos nos trouxeram informações que não tínhamos em outras épocas, precisamos entender a necessidade de ampliar nossa mente e reaprender sobre a Natureza.
Não adianta usar novas informações para gritar que a Amazônia não é o pulmão do mundo como alegação de que a ciência erra e não podemos acreditar nela.
Na verdade a ciência se aprimora e através de pesquisas e fatos, tem a humildade de nos mostrar que informações que nos trouxeram antes e eram consistentes diante da tecnologia existente na época, hoje são entendidas de outra maneira pela apuração e estudo de novos fatos.
A ciência durante nossa vida mudou informações que tínhamos de diversos assuntos, mas temos a instinto de ficar apenas com as que nos convém para lutar contra o óbvio.
Quantas mudanças de percepção e qualidade de vida a ciência e as novas tecnologias no trouxeram?
Caxumba, sarampo, rubéola, catapora, coqueluche, poliomielite e muitas outras doenças que matavam aos montes, precisaram da ciência para analisar vírus, bactérias, meios de contágio e, através da ciência, tivemos acesso em alguns casos, se não a cura, a prevenção para que não precisássemos ser curados, pois sendo vacinados não seremos contaminados.
No passado um diagnóstico de câncer era sentença de morte, hoje muitos tipos de câncer tem cura.
O HIV quando descoberto causou pânico porque todo mundo sofria muito até morrer e hoje, pessoas vivem uma vida inteira com ele no corpo e com responsabilidade, têm qualidade de vida.
Estamos lidando com o Covid-19, vírus muito novo para termos respostas precisas, mas que já matou mais de um milhão de pessoas no mundo e sabemos que vamos precisar da ciência de novo para encontrar uma vacina para nos protegermos dele, assim como de outros que virão.
O excesso de fontes de informação em época de Covid-19 trouxe uma visão muito clara da importância da ciência. Não faltam teorias sobre o assunto e a disseminação delas pela internet nunca nos deixou tão confusos, perdidos e assustados como ficamos com essa doença.
Ao mesmo tempo, esse excesso de informação, também fez com que muitos neguem o óbvio em relação aos meios de contágio e ajam de maneiras que podem prejudicar eles mesmos e os outros. Mesmo que esses outros sejam pessoas que amam.
No que diz respeito à Natureza, nunca tivemos tanto acesso a estudos científicos, imagens de satélite, notícias e informações de diversas fontes e é exatamente por isso que precisamos apurar e filtrar o que lemos, ouvimos e determinamos como certo.
Qual o motivo para desmerecer e desmoralizar tanto a ciência nesse assunto?
O mar é infinito? Sim, infinitamente contaminado por micro plástico, metais pesados e outras substâncias químicas nocivas a nossa saúde. E agora também está infinitamente contaminado por máscaras descartadas incorretamente e o resultado de tudo isso está também infinitamente relacionado à nossa alimentação e o que colocamos em nosso prato.
Temos terra em abundância? Sim, terra, o que é bem diferente de solo fértil, que além de proporcionar o plantio de alimento também absorve carbono. Aquele danado do carbono que estamos lutando tanto para retirar do ar e diminuir o efeito estufa… o solo fértil é vivo, absorve carbono e poderia nos ajudar a minimizar o estrago.
E realmente, a Amazônia realmente não é o pulmão do mundo e não é responsável pelo oxigênio que respiramos como aprendemos um dia, ou por absorver todo carbono que imaginávamos, mas ela é responsável pela umidade do ar, pelo ciclo das chuvas e quanto mais desmatarmos e queimarmos essa e outras florestas e matas, quanto mais destruirmos áreas que deveriam ser protegidas, mais quente ficarão nossos dias, maior será o intervalo entre as chuvas, teremos mais eventos climáticos extremos, o nível do mar continuará aumentando sim, colocaremos mais espécies na lista de animais em risco de extinção e teremos cada dia menos água potável, ar respirável e solo fértil.
Tudo isso é comprovado pela ciência e por tecnologias utilizadas por instituições reconhecidas mundialmente. Estamos vendo acontecer e continuamos aceitando como normal com alegações de “sempre foi assim” ou “é para o bem da economia” para não sair de nossa zona de conforto.
Não estamos mensurando o custo e o desconforto que isso trará no futuro e estamos ignorando os alertas que deveriam estar em destaque.
Até porque a maioria dos eventos extremos não chega até nós ainda, acaba afetando as classes menos vistas e de maior vulnerabilidade, então fingimos não ver.
Nos compadecemos quando acontece algo ruim e depois esquecemos o assunto.
Só que a negação não muda um alerta mais claro de que já estamos na zona de desconforto, que é o aumento do valor dos produtos em qualquer tipo de comércio porque os recursos necessários já são mais escassos e isso afeta diretamente o custo de produção, além do COVID-19 que está aí e veio para ficar como tantos outros antes.
E sabe o que é pior em negar o óbvio quando falamos da Natureza?
É saber que Natureza é vida em abundância! E nada nela é criado para nos destruir, mas nós a destruímos de uma maneira tão inconsequente, que fazemos com que o que vive nela em equilíbrio se torne uma ameaça a nossa espécie e nos mate. Como o Covid-19 hoje e no passado a febre amarela, HIV, ebola, dengue e tantas outras doenças.
Negamos a ciência que fala do prejuízo que teremos com a destruição da Natureza, mas acreditamos nela para nos salvar do que esse prejuízo nos causa.
As mesmas instituições e áreas da ciência desmoralizadas e negligenciadas por tantos, são as que correm contra o tempo para encontrar soluções que amenizem o impacto do estrago que causamos.
Afinal, não estamos todos à espera da vacina do Covid-19?
Por: Denise Maldonado – Mundo Certo, empresa atuante no mercado de Sustentabilidade desde 2010. transformando desafios em possibilidades, disponibilizando materiais criados para ampliar a conscientização sobre a importância da Sustentabilidade para todas as idades e realizando projetos para empresas, escolas e outras entidades que possibilitem a inclusão social, geração de renda, criação de empregos, utilização de produtos ou resíduos como forma de gerar renda e desenvolver pessoas, entre outros.
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