A quantidade de lixo gerada por quase oito bilhões de habitantes no planeta, se transformou em um problema de proporções incalculáveis.
Em todo o mundo, diversas iniciativas e programas têm sido adotados para tentar amenizar esse impacto, mas o que vemos é que precisamos ainda de muita conscientização, pois nem tudo que é visto como lixo é realmente lixo e pode gerar renda de diversas formas em todo lugar.
Resolvemos então, esclarecer alguns pontos sobre o assunto, respondendo perguntas básicas que constantemente nos fazem através do nosso site, e-mail ou redes sociais, pois elas nos fizeram perceber que muitas pessoas ainda tem muito pouco conhecimento sobre lixo, resíduos, separação, reciclagem e outros assuntos envolvidos.
O que é lixo?
Em muitos casos, o que é visto como lixo, não é lixo. Lixo é somente aquilo que não serve para absolutamente nada! Não pode ser reciclado, reaproveitado ou reutilizado de nenhuma maneira. Se o material que precisa ser descartado tiver alguma utilidade, não é lixo, é resíduo e resíduo pode gerar renda para alguém em algum lugar, ser descartado da maneira correta ou ser reaproveitado.
Como esses resíduos geram renda?
- Os resíduos recicláveis geram rendas para diversas famílias que trabalham na coleta, separação ou a própria reciclagem do material;
- Gera renda para artesãos que utilizam o material para produzir peças que serão vendidas;
- São utilizados em projetos sociais de diversas formas, como os eletroeletrônicos por exemplo, que podem ser utilizados na íntegra ou suas peças para atender comunidades carentes. É muito comum que isso aconteça com computadores, que são utilizados em programas sociais para ensinar jovens à utilizá-los e melhorar suas chances de conseguir uma oportunidade no mercado de trabalho;
- Entre outros.
Como identificar o tipo de resíduo?
Os resíduos já possuem uma classificação específica e os mais básicos são os chamados de resíduos sólidos urbanos (os que são gerados em residências, pela limpeza urbana, comércios, prestadores de serviços e outros), existem os resíduos industriais (gerados durante o processo de produção das indústrias que podem variar desde restos e aparas até resíduos gasosos ou líquidos), os resíduos hospitalares (gerados em qualquer estabelecimento que atue na área da saúde e devem ser descartados de acordo com as normas da ANVISA) e resíduos de construção civil (gerados por construções, reformas, demolições, obras públicas ou particulares e variam desde restos de argamassa e cimento, até estruturas metálicas, madeira e outros materiais).
A classificação dos resíduos é bastante extensa e inclui resíduos perigosos, inflamáveis, químicos, nucleares e outros, mas vamos falar apenas dos mais comuns, que a população acaba tendo contato no dia a dia.
Como devo separar os resíduos?
O primeiro passo da separação deve sempre ser separar o lixo úmido do seco e, no lixo úmido separar o orgânico.
O que é lixo orgânico?
O lixo orgânico é tudo que restou de algo de origem biológica, que veio da natureza, seja de origem animal ou vegetal.
Vale lembrar que no ciclo normal de qualquer ecossistema, nada disso seria lixo, pois a natureza tem todos os seus ciclos perfeitos para que até o que é degradado e entra em estado de decomposição volte a gerar vida seja como sementes, como adubo ou de outras maneiras.
O que posso fazer como lixo orgânico para não descartar nas lixeiras?
Você pode reciclar fazendo compostagem e transformar em adubo orgânico para suas plantas, mesmo que seja só para seus vasos e utilize apenas parte desses resíduos (cascas de ovos, borra de café, cascas de frutas e legumes, restos e talos de hortaliças e outros). E não precisa nem comprar uma composteira doméstica para isso. Pode encontrar maneiras simples de fazer isso na internet. Suas plantas ficarão saudáveis sem utilizar produtos químicos ou tóxicos e você reduzirá consideravelmente o que descarta de matéria orgânica na lixeira.
Se você mora em condomínio pode inclusive sugerir que sejam adotadas lixeiras separadas para isso e o condomínio faça a compostagem para utilizar o adubo em suas áreas verdes.
Do lixo seco, o que pode ser reciclado?
O mais comum no mercado de reciclagem hoje é separar vidro, papel, metal e plástico.
Outros materiais podem ser reciclados?
Existem outros materiais que possuem iniciativa de reciclagem como o isopor, o óleo de cozinha, as buchas de lavar louça, bitucas de cigarro que viram papel, tubos de pasta de dente que são adicionados a ouros materiais e viram lixeiras, suporte para vasos e outros objetos, pneus que são reciclados e se transformam em piso emborrachado, mas esses materiais não tem coleta seletiva ainda e você precisa buscar informações sobre pontos de coleta na cidade onde mora. Existem diversos sites na internet onde pode encontrar essas informações.
O que vou separar para reciclagem precisa estar limpo?
O ideal é que todo material que separar para reciclagem esteja limpo e seco. Não precisa lavar vidros e latas como lavaria a louça, mas precisa sim tirar os restos do produto da embalagem e lavar, assim como o papel não deve ser engordurado, a caixa de pizza descartada com os restos dentro e assim por diante.
Vale lembrar que todo esse material ainda vai passar por uma cooperativa e na esteira de separação existem pessoas que vão lidar com esses resíduos. Descartar um material limpo facilita o trabalho dessas pessoas e ainda mostra nosso respeito por elas.
Como faço se onde moro não tem coleta seletiva?
Se você separou e limpou os resíduos corretamente não precisa ter pressa de descartá-los. Pode deixar acumular uma quantidade significativa e procurar pontos de coleta em sua região onde possa descartar todos com segurança e consciência.
Que tipo de resíduo agride mais o meio ambiente e é usado em grande escala?
É difícil dizer o tipo de resíduo que não é gerado hoje em dia em grande escala, mas temos hoje um volume maior de resíduos de metal, vidro e papel sendo reciclados do que o plástico por exemplo. No Brasil, a média de reciclagem desse material é de 2%. Exatamente, apenas 2% do plástico que utilizamos e jogamos vai para reciclagem e é um resíduo extremamente contaminante e perigoso, pois além de levar em média 500 anos para se decompor, durante o processo ele se transforma em microcroplásticos, que contaminam absolutamente tudo onde estiverem. Nos alimentamos de microplástico quando comemos peixes ou crustáceos, respiramos partículas minúsculas de plástico, temos oceanos repletos desse material contaminando toda a vida marinha e até de aves que se alimentam de peixes.
Ainda temos o complicador de ser um material é extremamente barato!
É urgente separarmos para reciclagem e, na medida do possível, diminuir o consumo desse tipo de material!
Existem outros materiais que possuem pontos de coleta ou posso descartar adequadamente para evitar que vá para os lixões?
Existem sim e, embora não se fale muito nisso, existe a logística reversa estipulada pela PNRS (política Nacional de Resíduos Sólidos), que nos impõe a responsabilidade de “devolver” esse material aos fabricantes para que sejam descartados corretamente.
A logística reversa vale para todos os produtos, mas é mais trabalhada hoje com produtos como baterias, pilhas, todo tipo de aparelho eletroeletrônico, lâmpadas, produtos tóxicos, entre outros.
Nesses casos também temos a opção de procurar pontos de coleta para descartar o material corretamente, projetos sociais que utilizam alguns desses materiais para reuso e geração de possibilidades e renda, além de consultar o fabricante do produto, seja qual for, para que ele oriente como e onde o descarte deve ser feito.
Vale lembrar que como consumidores temos responsabilidade na logística reversa e o fabricante tem a responsabilidade de nos oferecer possibilidades de descartar tudo corretamente.
Cobramos direitos dos consumidores em diversas situações, está na hora de começarmos a cobrar dos fabricantes o nosso direito de descartar resíduos corretamente, além de buscar maneiras de, mesmo com a separação e a reciclagem, reduzirmos o lixo que geramos diariamente em nossa casa ou no trabalho.
Por: Denise Maldonado – Mundo Certo, empresa atuante no mercado de Sustentabilidade desde 2010. transformando desafios em possibilidades, disponibilizando materiais criados para ampliar a conscientização sobre a importância da Sustentabilidade para todas as idades e realizando projetos para empresas, escolas e outras entidades que possibilitem a inclusão social, geração de renda, criação de empregos, utilização de produtos ou resíduos como forma de gerar renda e desenvolver pessoas, entre outros.
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